Eu nunca fui muito de escrever longos textos, sempre fui do time que tenta resumir um livro em uma frase e não consegue fazer uma frase virar um livro, mas vira e mexe sinto um chamado para tentar.
A maioria das vezes, eu me perco na velocidade do pensar e escrever, ou seja, a história tá muito massa na minha cabeça, mas aí, o tempo que leva pra escrever faz com que eu esqueça e perca a ideia! A motivação deste texto, talvez se dê por conta de uma proximidade recente com jornalistas, mais precisamente com o jovem senhor com quem a gente tem hoje o privilégio de estar por perto!
Esse cara me deu um livro e eu, péssimo leitor de livros, me pus a ler e, de fato, me pegou. Eu conseguia ouvir a narração do autor tão facilmente que me tirou um pouco dessa pressão de estar conectado num livro sem me distrair com o ambiente.
No livro, era muito massa ver o entusiasmo deste jornalista ao narrar experiências de alguns anos morando na Itália, eram relatos de shows, lojas de discos ou grupos que atuavam num cenário da clandestina contra cultura! Era impossível não transcrever isso pra nossa realidade, afinal, a gente é uma marca e casa de shows de bandas autorais independentes de São Paulo. Eu me perguntava se alguém algum dia iria falar assim do nosso circuito, época, bandas, ações, movimentos e etc! Óbvio que não só da gente, mas desse circuito que hoje, queira uns ou não, fazemos parte.
Como essa leitura me levava sempre pra esse contexto atual, eu percebia que o autor desse livro se mantinha exatamente igual ao que viveu os fatos narrados dos anos 80.
O cara continuava a ir em shows de bandas desconhecidas, continuava a ver integralmente os shows, do começo ao fim sem dispersar e, dá pra sentir que é algo muito espontâneo e que certamente alimenta a alma do cara! Essa fase toda do livro e do contato culminou na festa de 60 anos desse entusiasta das músicas tortas, onde tocaram bandas nacionais cheias de respeito e a banda japonesa mais maluca e hipnotizante que eu tive a oportunidade de ver. Foi avassalador ao vivo!
Tudo muito impactante, as bandas e o público, tomado de gente que eu cresci admirando, lá parecia que estava reunida a liga da justiça do jornalismo musical, uma constelação de figuras que ajudaram a formar muito do que eu gosto e talvez até do que eu sou, assim como, tenho certeza, muitas pessoas contemporaneas.
Eu me arrisquei a fazer esse texto e, agora no fim, ainda bate aquele sentimento de que "putz, não era essa a ideia inicial", mas aquele tal do chamado veio e talvez não é o caso de ignorar. Talvez o autor do livro, o recém sexagenário e por quem temos um grande carinho, venha ler esse texto, apostaria inclusive que ele seria um dos únicos, por que eu sei que ele, como bom jornalista, aqueles forjados numa fôrma antiga, ainda perambula em páginas/casas despretensiosas como essa!
ps: este texto não é jornalístico e pode conter severos erros de português, pontuação, concordancia ou até ser confuso o bastante e não passar nenhuma mensagem.